quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Maldito dia

Hans era daqueles estudantes velhos.Tudo era uma bosta e sem graça.
Não pagava mais do que três reais em uma cerveja, quatro em um maço de cigarros e cinquenta pratas por um rabo.
A unica coisa que realmente gostava, era o nada.E o nada do sono.O desgraçado amava dormir.
E até isso foi tirado dele, como, porque e onde não interessam.Interessa a você, caro leitor, que ele perdeu isso.Perdeu por que não consegue mais dormir e, quando consegue, sua mente é inflada por espiritos demoníacos orgulhosos de fazerem-lhe lembrar de suas chagas e dores com sonhos horríveis sobre abandono, solidão e morte - nada que ele já não tenha, mas mesmo assim é perturbador.
Toda noite é assim.Toda noite ele olhe para a janela e o nascente sol aparece seguido de seu grito: "Maldito dia!".
Grita isso engasgado com a fumaça dos cigarros em excesso e com cerveja entre os lábios de maneira que, dificilmente, quem quer que controle o nascer do sol vá mesmo entender algum dia.
Não importa para Hans, sabe?Ele está acustumado com isso.Acustumado com a solidão, com a tristeza.O real problema é a dor - e o "nada" que dele é tirado.
A impotência de resolver o que lhe mata causa naúseas terríveis e atacam-lhe o já destruído estômago por anos de álcool e cigarros.
Tudo, tudo o que aquele pobre cão pode fazer é enfiar a cara no chão que não é dele e gritar.
Pobre miserável.
A vida é uma merda não?

1 comentários:

Tangerine' disse...

merda é adubo.
a vida nem isso é.
o vazio, o nada.
apenas a vontade de vingar-se em vão de todos os reais lobos.

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